A pré-produção de leite começa durante a gravidez
As transformações físicas -- seios mais sensíveis, inchados e com
mamilos mais escuros e aréolas maiores -- costumam ser um dos primeiros
sinais de que você engravidou.
E essas transformações não são somente um capricho da natureza para
confirmar que você está grávida.
Especialistas acreditam que a mudança de cor do mamilo, por exemplo,
possa ajudar na futura amamentação, já que seria uma espécie de
"jeitinho" do organismo para orientar melhor os recém-nascidos.
Outra alteração, o aparecimento de pequenas bolinhas ao redor da aréola
do seio, também tem papel vital no ato de amamentar. Essas bolinhas
produzem uma substância oleosa responsável por limpar, lubrificar e
proteger o seio de infecções durante a amamentação.
Por dentro dos seios
Talvez mais impressionante até do que as transformações visíveis são as
enormes mudanças que estão ocorrendo por dentro dos seus seios.
A placenta em desenvolvimento estimula a liberação dos hormônios
estrogênio e progesterona, os quais, por sua vez, deflagram o complexo
sistema biológico que torna a lactação possível.
![diagram of milk production in the breast](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_uE22e1lI9sWlH4lguHiuiHQ6u2MklR_NJapy5IA2jsJJkVGxDN4eYFdI_UMgQoNeepSYvEXt5n8JLq98c2zy-KJxzxuPKYx3zmMAkU3R14T-aSTkUoXpOelvMcbNSPeYcDgvg1=s0-d)
Antes
da gestação, as mamas são formadas por uma combinação de tecidos,
glândulas mamárias e gordura (a quantidade de tecido adiposo difere de
mulher para mulher, daí a enorme variedade de tamanhos e formatos de
seios).
O incrível é que seus seios já estavam se preparando para uma gravidez
desde que você era um embrião de 6 semanas no útero de sua mãe. A
criança já nasce com os principais ductos mamários formados.
As glândulas mamárias não dão sinal de vida até a puberdade, quando uma
enxurrada do hormônio feminino estrogênio as faz crescer e inchar.
Durante a gestação, essas glândulas trabalham a todo vapor.
No momento em que o bebê nasce, o tecido glandular de suas mamas já
dobrou de tamanho, o que explica a mudança radical no número do sutiã!
Em meio às células adiposas e ao tecido glandular localiza-se uma rede
de canais, chamados ductos. Os hormônios da gravidez fazem com que esses
ductos aumentem de quantidade e tamanho e se dividam em canais menores
perto da região peitoral. Na extremidade de cada um deles há uma
aglomeração de pequenos sacos, semelhante a um cacho de uvas, conhecidos
como alvéolos.
Um conjunto de alvéolos forma um lóbulo, e uma reunião de lóbulos é um lobo. Cada seio contém de 15 a 20 lobos.
O leite é produzido dentro dos alvéolos, os quais são rodeados por
diminutos músculos que pressionam as glândulas e empurram o leite para
os ductos. Os cerca de nove ductos lactíferos de cada seio são como
canudos isolados que chegam à extremidade do mamilo, formando um
"chuveirinho" que leva o leite para a boca do bebê.
O sistema de distribuição do leite fica completamente pronto já no
segundo trimestre de gravidez, para que a mulher possa amamentar o bebê
mesmo que ele seja prematuro.
A produção de leite aumenta quando o bebê nasce
Produção de leite e prolactina
A produção de leite em grande escala começa de 24 a 48 horas depois que
você dá à luz. Esse período é cientificamente conhecido como
lactogênese.
Após a retirada da placenta, os níveis dos hormônios estrogênio e
progesterona começam a declinar. O hormônio prolactina, cuja quantidade
vinha aumentando durante toda a gestação, é então liberado, para
sinalizar ao corpo que é hora de produzir bastante leite.
Pesquisas indicam que a prolactina é também responsável por uma sensação
maior de "maternidade", daí ter sido batizada por alguns especialistas
de o hormônio do instinto materno. Em geral, o leite demora mais para
"descer" no primeiro filho.
À medida que seu corpo se prepara para a lactação, ele libera mais
sangue para a região dos alvéolos, deixando os seios firmes e cheios.
Vasos sanguíneos meio inchados, combinados com a abundância de leite,
podem deixar as mamas temporariamente doloridas, quentes e cheias
demais, e provocar um
ingurgitamento mamário, porém a própria amamentação ajudará a aliviar o desconforto inicial.
Primeiro desce o colostro
Nos primeiros dias de aleitamento, o bebê será alimentado por uma
substância viscosa, meio transparente e rica em proteínas conhecida como
colostro. É possível que nas últimas semanas de gestação você tenha
notado o vazamento de gotas deste líquido esbranquiçado (para algumas
mulheres isso já ocorre no segundo trimestre).
Esse precioso líquido é cheio de anticorpos chamados de imunoglobulinas,
fortificantes naturais para o sistema imunológico do bebê. O leite
materno se transforma no decorrer da amamentação a fim de suprir todas
as necessidades da criança.
![breastfeeding flow chart](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_s-sJIAHTL5afEWvQwPC-HjwcJdiUXxeiqoorbKPEp9lAAH_klyqJBZLvWWA7_RvarU2k_o7nKu2X7aqs_4rAlgEcPzbBrIgyjkRQCrjYyYip1uvNVROkvzLaMmFRBIbf2q=s0-d)
Para
que o bebê possa mamar, é preciso que o leite "desça" dos alvéolos. O
processo funciona assim: o bebê suga o mamilo, o que estimula a hipófise
a liberar os hormônios ocitocina e prolactina para a corrente
sanguínea. Ao alcançar seu seio, a ocitocina provoca a contração dos
pequenos músculos ao redor dos alvéolos cheios de leite. O líquido passa
então para os ductos, que o transportam para os ductos que ficam pouco
abaixo da aréola do seio. Ao sugar, o bebê faz com que o leite dos
ductos chegue à sua boca.
Nos primeiros dias de amamentação, talvez você sinta alguma contração no
abdome, na forma de cólicas, bem na hora em que o bebê estiver mamando.
A sensação sinaliza a liberação da ocitocina, que ajuda o útero a
voltar ao tamanho normal (esse mesmo hormônio provocou a contração do
útero durante o trabalho de parto).
Também pode ser que junto com a contração venha um fluxo vaginal mais
intenso de sangue, portanto capriche no absorvente. Essas cólicas são
mais intensas a partir do segundo filho, e em alguns lugares do Brasil
são chamadas até de "dor de parto".
Um outro sinal é que você poderá se sentir calma, satisfeita e alegre ao
amamentar. A ocitocina é, afinal, conhecida como o hormônio do amor!
Com o aumento do fluxo de leite, é possível que você também sinta
formigamento, queimação ou ardor nos seios. É fundamental estar
tranquila durante a amamentação para que o leite desça com facilidade.
Muitas mulheres comparam o aleitamento ao aprendizado de andar de
bicicleta: pode ser complicado no começo, mas, quando você pega o jeito,
fica parecendo impossível que um dia não tenho sabido fazer.
Lembre-se de investir no repouso e na hidratação, e não use sutiãs muito apertados, para que seu peito possa se encher de leite.